Conta-se que por
volta de 1710, Duclerc, escorraçado das margens da baía da Guanabara, furioso
vagueia nas margens do Rio de Janeiro, tentando uma abordagem, uma entrada
onde pudesse chegar à cidade. Tentou faze-la por Angra dos Reis, onde a nossa
fortaleza do Morro do Carmo, o impediu. Raivoso por mais essa tentativa frustrada,
presta seus canhões à nossa cidade visando o convento de São Bernardino. Em
grande temor e em orações, estão nossa gente, nossos frades. Quando vêem,
São Bernardino descer do altar e aparar os funestos balaços. Até bem pouco
tempo, era conservado ao lado do altar de São Bernardino, na portaria do convento,
grande balaço de ferro, que diziam os mais velhos, ser uma das balas atiradas
por Duclerc e aparadas por milagre por São Bernardino. Há ainda no convento
a lenda de vultos que saem de trás das velhas arcadas e entram em um bueiro
que tem no centro do pátio, diziam seu antigo zelador que ali foram guardados
grandes tesouros, que os donos vinham vigiar e conferir.