Angra on Line

Como aconteceu o nascimento desta banda?

Renato Fiuza

Em primeiro lugar obrigado pelos elogios ao trabalho e por ter nos escolhido para inaugurar esta nova versão do Portal.

A banda nasceu, na verdade, de uma necessidade e não só por vontade. Ainda quando eu estudava medicina na UFRJ comecei a compor de forma desenfreada, sozinho e com Marcos Vieira, parceiro em músicas e na fundação da banda. Sendo assim eu precisava mostrar todo aquele material e mais uma série de idéias que me enchiam a cabeça. Era uma necessidade de criação e de contribuição acima de tudo.

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Quem teve a idéia do nome Camaleões na Terra Santa e o que ele significa?

Renato Fiuza

Veio de uma conversa com meu irmão Lucas, cantor e compositor da banda Versus. São dessas idéias que vem na cabeça e não sabemos direito de onde veio. Aliás, sabemos mas não temos certeza. O significado tem ligação com a idéia de mudança e adaptação ao meio que vivemos. É uma característica de sobrevivência dos homens de uma forma geral. Confere à nossa música uma característica de mutação, eliminando a idéia de estática, de mesmice, de sempre tudo igual. Estamos sempre buscando novos elementos de enriquecimento musical e artístico. "Terra Santa" é uma homenagem otimista ao lugar em que vivemos. Acreditamos que o lugar que estamos é sempre o melhor lugar pra se viver.

Angra on Line

O que representou o primeiro CD, para a Banda e o que você acha dele hoje?  

Renato Fiuza

Um grande começo. Gravar um disco nos deu uma direção. Garantiu um sentido de organização e a possibilidade de fazer chegar nossas músicas e nossas mensagens ao nosso público. " O Primeiro dos Tempos " nos mostrou que "era possível", e isso é fundamental na vida de qualquer banda.

Angra on Line

O que vocês acham dele hoje ?

Renato Fiuza

É um disco belíssimo de Rock Popular Brasileiro. Quanto mais tempo passa mais gosto do "Primeiro dos Tempos". Hoje nosso som está um pouco distante do som que fazíamos naquela época, mas gostamos muito do disco.
Com o lançamento do 2º CD "Ao Vivo e Acústico" sentimos o gosto da continuação. A seqüência do trabalho te dá uma força muito grande. Ver que o 1º CD não foi apenas uma aventura e que agora tínhamos um público e um trabalho a zelar foi maravilhoso. Este 2º disco teve uma resposta de mercado ainda maior que o primeiro e nossa história seguiu firme. Dar seqüência a um trabalho, árduo na maioria das vezes, é muito difícil, mas seguimos com fé pela estrada.

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Como foi feita a distribuição e a venda dos CDs?

Renato Fiuza

Começamos vendendo de mão em mão, para amigos, familiares e fãs. A procura foi aumentando e então as principais lojas de CDs da cidade aceitaram vender nosso disco. Somos muito gratos aos comerciantes e aos empresários locais pelas vendas e pelos patrocínios preciosos.
No segundo CD tudo tinha crescido bastante então conversamos com a Bateu Valeu, produtora que passou então a fazer a distribuição de nosso CD. Eles são muito competentes e tudo deu muito certo. Não é à toa que fazem as melhores festas de Angra.
Sobre as vendas não temos do que nos queixar. Vendemos mais discos aqui em Angra do que algumas bandas grandes do rock nacional e sem dúvida tivemos a maior venda de CDs independentes da região. Fizemos uma projeção com números proporcionais do que isto significaria no caso de uma divulgação nacional do nosso CD por uma grande gravadora, e seria algo em torno de 400.000 cópias (quatrocentas mil cópias). Marca significativa no difícil mercado fonográfico atual com toda a pirataria e alta de preços. 

Angra on Line

Camaleões na Terra Santa é a primeira banda de Angra que conquistou o seu próprio fã-clube. A que você atribui este sucesso tão grande?

Renato Fiuza

Dedicação, seriedade e respeito com o público. Tenho as músicas e as letras como criações de extrema importância e seriedade. Sem perder o bom humor, mas com extremo cuidado com nossos fãs e amigos. Ninguém deveria estar sujeito a ligar o rádio, a TV ou ir a um show e ouvir um imbecil falar o que quiser ou tocar "qualquer nota" por aí.
O público é o que há de mais importante na vida de qualquer artista e, sendo assim merece respeito, carinho e boa música, mesmo quando ele não se comporta bem.
Nosso sucesso pode também ser atribuído a um trinômio de grande importância em nossas carreiras. Renato Laranjeira, "o cara por de trás das cortinas do espetáculo", Eduardo Fontes, jornalista e radialista que descobriu nossa música e nos introduziu no processo de radiodifusão e Rádio Costazul FM, que definitivamente nos levou ao grande público de Angra.
Agradecimentos também à todas as rádios comunitárias, aos Jornais da Região, Websites de Angra, TV Angra, que exibiu nosso Acústico com tanto carinho, jornalistas, fotógrafos, produtores de mídia e todo o pessoal que trabalha com arte, cultura e desenvolvimento em Angra dos Reis.
Agradecimento especial a Dédo Santos (Estúdio 155), que gravou nossos dois primeiros discos e Rico, que cuidou dos projetos gráficos.

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Qual a música mais importante dos Camaleões e a que vocês mais gostam ?

Renato Fiuza

Pergunta difícil. A mais importante, talvez seja a que começou o trabalho do 1º CD. Chama-se "Assim Como Você", mas "A Cidade dos Anjos" veio em seguida, e depois "Meu Mundo" e "Memórias e Horas". Essas foram tão importantes quanto a primeira, ou mais importantes ainda... Sei lá, a pergunta é realmente difícil...
Sobre a que mais gostamos é mais difícil ainda. São todas filhas nossas, tratadas com igual carinho e realmente..., sei lá (risos). 

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Os Camaleões têm um trabalho social bem bacana, o projeto "Camaleões Contra o Frio". Fale-nos um pouquinho sobre ele e se vocês ainda continuam agasalhando quem sente frio ?

Renato Fiuza

O projeto talvez tenha nascido antes da banda. Minhas preocupações com os desajustes sociais sempre foram muito grandes e a vontade de dar bons exemplos à garotada e aos pais da garotada veio antes de eu montar a banda. E foi gratificante ver outras bandas de Angra fazendo o mesmo em seus shows. 
Na verdade nossas iniciativas não se restringem ao "Camaleões Contra o Frio". Fazemos também o "Natal do Rock", onde se arrecada brinquedos para as crianças carentes e shows beneficentes eventuais, quando a causa é nobre e justa.
No universo do Rock, música é apenas uma parte do todo. A atitude e a iniciativa por um funcionamento mais correto do mundo é essencial. Mestre Raul Seixas dizia: " De cantor o Brasil já ta cheio ". A melhoria das condições de vida dos homens deveria ser preocupação de todo e qualquer cidadão deste mundo. 
Sobre a continuação destes projetos. Sim continuamos a tentar realizá-los. Este ano o que ocorreu foi o seguinte. "O Camaleões Contra o Frio" e o " Natal do Rock " estavam incluídos num grande projeto nosso chamado " Camaleões nos 500 Anos de Angra ". Este projeto foi aprovado pela Secretaria de Desenvolvimento da Prefeitura de Angra dos Reis e até agora a verba para a realização não apareceu. Eram 5 eventos envolvendo bandas locais, sendo 2 deles beneficentes; O Camaleões Contra o Frio e o Natal do Rock. O ano de comemoração dos 500 Anos de Angra já está no fim, mas ainda temos esperança de ter alguma posição das autoridades competentes, mesmo que para o ano que vem. 

Angra on Line

Qual a tônica do novo trabalho? E o que os Camaleões esperam ? 

Renato Fiuza

Mudança, esta é a tônica do trabalho. Tudo pra nós é muito novo na elaboração deste 3º CD. Pela primeira vez estamos trabalhando com um produtor musical. Trata-se de Fernando Nunes, baixista da saudosa Cássia Eller, que já trabalhou com Ivan Lins, Nando Reis e hoje integra a banda de Zeca Balero. Fernando é um grande músico e produtor. Faz arranjos para nomes consagrados de nossa música, já gravou em Seattle com Jack Endino, produtor do primeiro disco do Nirvana (Bleach) e excursionou pela Europa e América Latina.
Pela primeira vez faremos o disco inteiramente no Rio de Janeiro. No SWELL, estúdio em que estamos trabalhando, conhecemos Digão (Raimundos), Wincler (O Surto) e outros passam por lá: Leoni, Otto, Charlie Brown Jr. e Rodox. Dênis Porto, dono do estúdio e vocalista da banda Mr. Sombra, nos recebeu como irmãos e tem nos apresentado essa moçada.
As baterias do CD talvez sejam gravadas no mesmo estúdio em que os Engenheiros do Havaí gravaram seu último CD e algumas fotos de divulgação forma feitas pela fotógrafa que fez o projeto gráfico do último CD do Lobão. Nosso baxista, Gico Meira, está gravando o CD com o baixo que era de Cássia Eller, um Music Man de 5 cordas que Fernando guarda com muito carinho.
Ou seja, várias novidades contribuindo para um disco diferente, de qualidade e com uma energia muito bacana.

Angra on Line

Com a produção deste novo trabalho, como está a agenda de vocês, para os shows?

Renato Fiuza

Durante as gravações dificilmente nos apresentamos ao vivo. São algumas apresentações previamente marcadas apenas e aí vão elas: 

17 de outubro - Casarão Cultural da Lapa, Lapa (Próximo ao Asa Branca), Rio de Janeiro. Horário: 21 horas.

24 de outubro - Show pela Secretaria das Culturas da Prefeitura do Rio de Janeiro. Projeto Menu Cultural. Praça das Mães (embaixo do viaduto de Madureira), Madureira, Rio de Janeiro. Horário: 13:20 horas.

O trabalho em estúdio toma muito tempo e requer atenção total para que nossos fãs recebam o melhor possível de nós. A expectativa é grande e esperamos dar passos importantes com este CD. No entanto mais importante que isso é o reconhecimento do público, que nos acompanha durante longo tempo, nesta jornada em busca de crescimento, amadurecimento e contribuição cultural. 

Parabéns ao Portal Angra Online  e muito obrigado.